Underdogs
A viola caipira e rock"n roll dos Viralatas
Fama de malucos, jeito de quem não tá nem aí pro mundo, eles provam que as aparências iludem. No show, propostas definidas, inspirações libertárias e políticas
Leidiane Montfort
Da Redação do Jornal A Gazeta (MT)
Depois de um show marcante no Cine Teatro Cuiabá o grupo Os Viralata volta ao palco. Mas ninguém garante que será da mesma forma, jeito ou pegada que surpreendeu os que compareceram ao lendário teatro na Capital. Afinal dos irmãos Eduardo Ferreira e André Balbino pode se esperar quase tudo. Fama de malucos, jeito de quem não tá nem aí pro mundo, eles mostram que a aparência ilude, afinal o próximo show da banda vem com marcas e propostas bem definidas e inspiração libertárias e políticas. E pelo menos a promessa é de uma apresentação para fisgar os amantes do bom, velho e gostoso rock"nroll.
Criado a partir das violas caipiras e inspirações do rock dos irmãos André Balbino e Eduardo Ferreira, Os Viralata é composto por Anna Marimon ( poeta), Amauri Lobo, Danilo Bareiro e Rubens Lisboa. Juntos eles vêm realizando pesquisas sonoras com as violas e buscam ampliar suas possibilidades para além dos modismos. A proposta é de explorar as infinitas combinações que a viola oferece. O trabalho está em fase de transição e perspectiva de uma mini turnê nacional passando por Recife, Florianópolis, Brasília e Porto Alegre, o objetivo é ainda interagir com artistas locais.
O som da banda traz blues, rock"n roll, pagode mineiro, umas classicosas fakes inventadas, funk, samba, brega. Tudo numa salada mista de experimentações de músicas de autoria de Eduardo Ferreira e André Balbino que são ancoradas por experientes músicos do cenário matogrossense e também de performance de interpretação e poesia com Anna Marimon, primeira-dama do bando. "Flertamos com vários estilos mas a viola transcende a qualquer rótulo", declara Ferreira.
Re-Mecânica- Os Viralata se apresentam nesta quinta na festa que é uma releitura de um "furdunço" cultural que aconteceu em 1983 em Cuiabá, em que os artistas independentes da terra em que se dizia encontrar jacarés nas esquinas e cobras e índios por todos os lados queriam se firmar que eram mais que isso. E eram. "Naquela época a Mecânica da Palavra conseguiu criar um cenário de postura política e social em que se firmava fortemente a postura do que nós defendíamos e acreditávamos de princípios libertários e anarquistas. Rolou muita loucura, claro, mas tudo era dentro do contexto daquele momento. Agora a Re-Mecânica se propõe a ser um evento de efervescência da cultura urbana de Cuiabá. Uma emblemática pausa para reflexões",.
O evento multicultural vai contar com participação de poetas, músicos, palhaços, atores e artivistas. A Re-mecânica acontece nesta quinta, dia 13, no Clube Feminino, na rua Barão de Melgaço, próximo à Cemat, a partir das 18 horas. O evento marca ainda o lançamento do movimento Música Para Baixar MPB- em Cuiabá, um movimento nacional que alia princípios de tecnologias livre, direito autoral flexível, cultura colaborativa, cultura livre, cultura digital, enfim, o movimento é libertário e se norteia por princípios autogestionários. "Uma espécie de "faça você mesmo", com um avanço para o "façamos nós mesmos". Um contraponto ao capitalismo voraz, uma atitude frente ao mundo insano do consumismo desenfreado e inconsequente", na opinião do artivista.
BOX
MPB- Música Popular Para Baixar- Essa é outra paixão do viralata Eduardo Ferreira. O movimento busca discutir o futuro da distribuição dos produtos da Indústria Cultural como músicas, livros, peças, etc. "A dinâmica do mundo mudou, o que estamos questionando é o direito à liberdade de aceitar o que é imposto. Queremos a flexibilização dos direitos autorais", declara.
Eduardo lançou o livro Eu Nóia em que aplica o conceito de obra compartilhada e autoriza a divulgação do que nele está impresso. "O pensamento é o de expandir o alcance da sua obra, querer compartilhar o que você fez, ou está fazendo, com o mundo. Muitos artistas estão se juntando nesse esforço como Tico Santa Cruz, Leoni, Teatro Mágico, dentre tantos outros. Não dá para fingir que os tempos não mudaram, a dinâmica de produção e divulgação são outras. É preciso pensar no futuro, uma vez que as atuais estruturas de direitos autorais estão mais do que ultrapassadas e falidas, como o Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) em que só se ouve falar mal, e que não dão conta da realidade trazida com a Internet. Afinal, quem é capaz de controlar a distribuição na internet?", questiona.
O que parecia brincadeira está se espalhando e formando redes sem volta. A internet revolucionou as estruturas da indústria cultural e suscita novas discussões na sociedade. Hoje quando o artista compõe uma obra, automaticamente ele já está protegido por direitos autorais. Esses direitos, na visão de Eduardo, funcionam como instrumento de manutenção de poder. Para exemplificar o músico cita a lei que ficou conhecida como Mickey Mouse, segundo a lei o ratinho mais famoso do mundo ao completar 70 anos entraria em domínio público (livre acesso e divulgação). Perto do prazo expirar, graças ao lobby forte dos empresários norte-americanos, o prazo se estendeu para 90 anos. "Há toda uma indústria que luta forte para manter essa estrutura. Só eles lucram, os artistas não".
O intuito do MPB é fazer as obras circularem. "É quebrar a normalidade do sistema. Mas tem gente que não aceita, são os que se assustam com esses princípios libertários. Cenário que aponta uma grande falta de informação sobre o anarquismo, que não é bagunça e sim uma organização social coletiva para a qual o mundo se encaminha", pensa Eduardo.
Mas como ficam os direitos de quem cria e seus lucros? Eduardo conta que escreveu uma tese em que se aprofunda nos novos modelos de negócio. Mas adianta que é preciso pensar diferente. No mundo em que segue o trilho do software livre o pensamento fransciscano é a tônica do processo. "Quem dá recebe. O problema é que por muito tempo o pensamento foi de apenas receber. Agora, as lógicas que funcionam são completamente novas, com sensibilização e responsabilidades mais humanas. O novo sempre vem e é preciso estar atento", finaliza.
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Só pra reforçar o evento é gratuito e todos serão convidados a participar do modo que bem entenderem.
Até lá!!!
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Re-mecanica da palavra
Cuiabá sediará pré lançamento do movimento Música Para Baixar – MPB. Movimento nacional do segmento musical que alia princípios de tecnologias livre, direito autoral flexível, cultura colaborativa, cultura livre, cultura digital, enfim, o movimento é libertário e se norteia por princípios autogestionários. Uma espécie de “faça você mesmo”, com um avanço para o “façamos nós mesmos”. Um contraponto ao capitalismo voraz, uma atitude frente ao mundo insano do consumismo desenfreado e inconsequente.
Dia 13 é um marco para a cultura cuiabana e matogrossense, pois remonta a um evento-movimento de 1983 que demarcou o início da arte urbana e contemporânea por essas bandas de cá. O evento promete e está mobilizando muita gente.
Bandas confirmadas: osviralata, fuzzly, branco ou tinto, tocandira, lopez, lobo trio, pio toledo & ellen, mandala soul.
Além das bandas teremos audiovisual matogrossense, video-clips locais, performances, teatro de bonecos, som de roda, mural-documentário (anos 80, 90 e 2000), enfim, será o point de (re) largada para uma intensa mobilização de artistas matogrossenses que lutam por um mundo melhor.
links:
http://www.fotolog.com.br/tudomentira
http://osviralatadaviola.wordpress.com
http://overmundo.com.br/agenda/re-mecanica-da-palavra