terça-feira, 9 de junho de 2009

Maratona museológica


Um dia. Parece pouco, né!? Na verdade meio dia foi o suficiente para tomar um banho de museu em São Paulo. Banho talvez não seja a palavra mais apropriada com todo o frio que estava na metrópole. Sem chuva, sol brilhando e vento gelando as orelhas. São Paulo tem a característica de uma oferta cultural plural. Teatro, cinema de arte, exposições, shows, enfim, uma infinidade de opções que deixa dúvida.

Parte do problema da escolha foi solucionada de pronto. Eu teria praticamente uma tarde o que excluía shows e teatros e dificultava o cinema pois me imobilizaria por mais de duas horas facilmente reduzindo a diversidade do menu.

Optei pelas artes visuais. O ano da França no Brasil me acompanhou durante o dia primeiro no MASP com a exposição “Arte na França: 1860-1960: O Realismo”. Clássicos como Monet, Renoir, Picasso, Van Gogh, Dali, e muitos outros que produziram trabalhos realistas neste período na França encantam e abduzem mesmo os mais frios. Ainda no MASP desço para o último piso e me deleito com uma exposição do Vik Muniz. Mesmo com diversas pessoas torcendo o nariz para ele eu aprecio o seu trabalho a várias Bienais, e tive a oportunidade de assistir a um documentário em meio à exposição que ele relatava o seu processo de criação. Reconheci-o como um bibliófilo ferrenho e finalmente, digeri de maneira adequada seus meninos de açúcar. Ele contou que se inspirou em uma poesia do Ferreira Gullar que narra a origem do açúcar, o quão amarga é a vida daqueles que adoçam o nosso café colhendo e moendo a cana. Nossa! O Gullar é incrível e a representação é extremamente apropriada e difícil de descrever em um espaço tão exíguo.

Parti para a segunda parte, ou deveria dizer segunda casa. A Pinacoteca encerra uma exposição também em homenagem ao ano francês-brasileiro com fotógrafos de ambas as nacionalidades intitulada: “À procura de um olhar”. Entre as duzentas imagens, diversas estonteantes, Pierre Verger, Marcel Gautherot, Tiago Santana e Mauro Restiffe. Ainda na Pinacoteca pude apreciar um francês estudioso das formas e das cores que me deu a sensação de estarmos apenas copiando-o 50 anos depois: Ferdinand Léger (1881-1955). Fiquei com a sensação de que a arte em quadros chegou a um beco sem saída. É preciso a performance, o vídeo, a fotografia talvez, não sei, as instalações contemporâneas que nos digam.

Ainda tive tempo, antes de ir ao lançamento do livro do Claudio Willer (Geração Beat), de explorar o Museu da Língua Portuguesa. É, não foi um banho, mas com certeza foi uma maratona. Dentro do meu tempo volto para comentar o livro do Willer que parece ótimo.

Um comentário:

  1. mas afinal, com quantas páginas se escreve meio dia de instalação beat?

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