domingo, 25 de outubro de 2009

Lara Matana




Há algum tempo venho acompanhando o trabalho da Lara Matana. Ela tem a seu favor algo que todo o artista almeja: estabilidade financeira. É engraçado, mas já ouvi críticas a ela por isso. Como alguém que não sofre pode ser artista? É engraçado por que ficamos discutindo a produção artística baseado nas condições de vida do artista. Se ele(a) é deslocado(a) da sociedade. Se sofreu abusos, se enfrenta Golias pelos desertos da vida. 



É claro que a arte é uma válvula de escape para situações extremas. Auxilia as pessoas a vencer obstáculos aparentemente intransponíveis, mas não é só isso. A arte também é estética. Falo sem medo de reduzir a arte da Lara à decoração e também sem reduzir o valor da mesma em um ambiente. A arte da Lara carrega consigo uma semente ecológica. Ela trabalha com resíduos de madeira que virariam pó e fumaça. Seu trabalho segundo Aline Figueiredo está muito ligado ao designe, vemos isso também e mais. 





Enxergar, como ela o faz, beleza num toco de árvore arrancado, ou enfeitar esta dureza retorcida com um abraço envolvente de uma cobra composta de pequenos pedaços de madeira entrelaçados vai além da decoração, sem dúvida.

E o que dizer de elementos trabalhados minuciosamente em finas lâminas de madeira dispostas de modo a imprimir a perspectiva infinita de um corredor. E quando ela o faz com cores que dão vida à madeira e apresentam formas e densidades diversas ao mesmo material inanimado nas mãos de meros mortais. Sim por que na sua mão ganham vida e vibram, e puxam o nosso olhar para além conduzindo-nos a uma experiência tridimensional.



Lara (re)cria formas, painéis, esculturas, quadros, faz isso há muitos anos e já conquistou o Rio de Janeiro, São Paulo e outras capitais que recebem e comercializam seus trabalhos. Quando o diretor Fernando Meirelles escolheu uma de suas obras para o seu filme Ensaio sobre a cegueira nós noticiamos aqui no DC Ilustrado com alegria de quem conhece o trabalho de perto. 




Você pode apreciar a exposição até o dia 30 de outubro no museu de arte e cultura popular na UFMT, em horário comercial. Se quiser conhecer mais da artista visite o site: WWW.laramatana.com.

Nas palavras da mestre Aline Figueiredo fica o registro da sua sensibilidade: [Lara] “Olha os troncos por longo tempo, até ganhar-lhes a intimidade expressiva que vai sugerir e induzir o que neles interferir e recriar. Ora conserva os sulcos que considera mais expressivos, abre frestas e lhes introduz pequenos pedaços geométricos de madeira; ora lhes acrescenta grandes pedaços, bem alisados pelos tornos, a dialogar, assim, entre o rústico e a intervenção da máquina.” 



Ordilei, luz e sombra


As fotografias de “Grafias de Luz: fatos gráficos” é o que podemos chamar de uma poesia concreta visual. Um estudo pertinente de luz e sombra

Cláudio de Oliveira
Da Reportagem

O que é a fotografia se não a grafia com a luz. A exposição do fotógrafo Ordilei Caldeira na galeria do SESC Arsenal está chegando ao fim. Em cartaz desde 12 de setembro finda neste domingo. A oportunidade de apreciar a sua arte está espalhada pela internet, mas esta exposição não está reunida em nenhuma das suas páginas que informamos ao fim da matéria.

Ordilei, como já dissemos anteriormente na matéria de lançamento da exposição, é um jovem fotógrafo, não fez trinta anos ainda, mas demonstra maturidade e sensibilidade nos seus registros.

As fotografias expostas em “Grafias de Luz: fatos gráficos” é o que podemos chamar de uma poesia concreta visual. Eu sei, o termo provavelmente não existe, mas você que conhece a poesia concreta e for até a galeria do SESC a de concordar comigo. Econômico na informação, sobrepõe a luz com objetos como se estivesse construindo uma poesia concreta retalhando as palavras em informações visuais. Ele retalha a luz produzindo sensações poéticas, às vezes, abstratas outras vezes mensagens indiretas do objeto.

As fotos parecem feitas em preto e branco em quase sua totalidade, acredito que para explorar ao máximo o contraste proporcionado por este suporte. Mas as experimentações em cor como a da janela, a da parede com sua textura amarelada e espinhosa e a abstrata que nos leva ao que parece uma fresta de luz com detalhe triangular que lembra um seio feminino, também impõem uma harmonia e simetria interessante.

No canto da galeria o visitante pode brincar com as fotos do artista exercitando composições novas unindo as formas “aleatoriamente”. Fios de sombra que se unem a bancos e barras de metal promovendo uma gramática da luz. Elementos a serem postos em ordem ou não, com equilíbrio dinâmico. 




Ordilei não faz apenas fotos artísticas, conceituais ou abstratas. Seu repertório é grande e pode ser apreciado em muitos sites, por exemplo:http://br.olhares.com/galeriasprivadas/browse.php?user_id=1618, tem inúmeras galerias criadas por ele como: natureza, urbe, pessoas, paisagens urbanas, macro e outras. No Flickr que é um dos fotologs mais utilizados do mundo, também guarda algumas (150) das suas obras: http://www.flickr.com/photos/ordicfoton/.

Para quem tiver o interesse em adquiri-las, elas estão a venda em Cuiabá na Fast Frame "Moldura na Hora" R. Estevão de Mendonça (próx. ao Choppão) e na Casa das Molduras, Rua 24 de Outubro.