terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Black Swan é filme, não ballet

Pode ser irritante ver um crítico falando mal de um filme que nós gostamos. Especialmente um como Artur Xexéo(O Globo) que tem talento e cultura suficiente para desmontar a beleza que aparentemente vimos ou sentimos como sugere artigo da Ana Claudia Simas também sobre o mesmo filme. Black Swan ou Cisne Negro chegou aos cinemas cuiabanos na semana passada e poucos filmes têm o dom de tirar os nossos sentidos do lugar comum.

Xexéo em seu blog diz que estão incensando demais o filme. Para ele a crítica americana, “acostumada à dieta de adaptações de histórias em quadrinhos cheias de efeitos especiais, comédias eróticas para adolescentes emburrecidos e filmes tolos e românticos para mocinhas ainda casadoiras, trata qualquer produção com ares um pouco mais intelectuais como obra-prima.” Para mim uma maldade com o novo filme do diretor Darren Aronofsky.

O crítico desanca a atriz Natalie Portman chamando-a de insossa. Bom para mim a Natalie certamente ganhará o Oscar no final do mês e, ao contrário do que declarou Zeca Camargo, eu vou bater palma porque simplesmente ela estava sensacional. Ficamos sim com a sensação de uma série de delírios que nos conduzem a um labirinto do qual o diretor não nos retira ao final. Saímos, ou saí eu do cinema sem ar, caçando o chão e querendo entender o que havia se passado na tela e comigo mesmo.

Sabia de antemão que o diretor tinha privilegiado as cenas em close e com câmera na mão para colocar o espectador dentro ou sobre o palco. E obviamente não fui ao cinema ver balé, mas ver um filme. Não me interessa se ela fez ou não o plié como deveria e não tenho conhecimento suficiente para dizer se ela dançou bem ou não tecnicamente. Todavia sentir é uma habilidade que venho desenvolvendo toda a vida e mesmo em um blockbuster previsível sou capaz de desligar o senso crítico e curtir o final chorando junto com o personagem. Fico feliz em não deixar o excesso de racionalidade limitar a minha emoção.

O filme mostra o desabrochar de uma menina superprotegida por uma mãe doente. O processo de autodescoberta da bailarina Nina Sayers (Portman) nos conduz por um mundo extremamente competitivo, desleal e sexualizado.

Li pela internet pessoas dizendo que finalmente alguém mostrou a “realidade” do mundo do balé, e outros dizendo que o filme denegria a imagem da arte. Não conheço este mundo, mas tenho certeza que o choque provocado pelo Cisne de Aronofsky faz jus ao Tchaikovsky. 

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